A questão do uso de substâncias psicoativas é um importante problema de saúde em nossa sociedade. Os prejuízos que podem ser causados pelo uso de drogas aos usuários e à sociedade são diversos e podem ter repercussões realmente sérias. Assim, os indivíduos que estão ao redor daquele usuário podem lançar mão de algumas estratégias para tentar cessar o consumo dessas substâncias, a fim de impedir e reduzir a ocorrências desses vários prejuízos.
Essa é uma tendência até mesmo natural de nós seres humanos. Quando percebemos algum indivíduo próximo a nós que possa estar de alguma maneira ameaçando a sua sobrevivência ou a nossa sobrevivência como espécie, tentamos exercer um controle sobre o comportamento daquele sujeito e podemos fazer isso de formas diversas.
Nosso sistema social é muito organizado ao redor daquilo que denominamos de controle coercitivo e, normalmente, utilizamos desse recurso para estabelecer e controlar os comportamentos dos indivíduos do sistema. Controle coercitivo é o nome que damos às relações que estabelecemos entre o comportamento de um determinado sujeito e consequências aversivas. Por exemplo: para o comportamento indesejado de correr acima do limite permitido no trânsito, estabelecemos multas e outras sanções como forma de coibir essas ações.
Seria então o controle coercitivo uma estratégia viável para lidarmos com os sujeitos dependentes de substâncias psicoativas? (Nesse texto vamos nos restringir a essa categoria de pessoas com problemas importantes relacionados ao uso de drogas, visto que teríamos que nos exceder muito para abarcar outras categorias como uso recreativo ou esporádico, por exemplo).
Quando pensamos em formas de controle coercitivo para dependentes de drogas podemos ir desde a prisão dos sujeitos, privando-os de sua liberdade e colocando-os em um ambiente hostil, até o afastamento de pessoas próximas, brigas dos familiares e imposição de culpa, por exemplo. Todas essas medidas tem o intuito inicial de interromper o uso da substância e podem até mesmo lograr certo êxito em um primeiro momento. Mas, é muito pouco provável que essas mudanças permaneçam.
Isso acontece porque a punição tem sim um efeito inicial de diminuição de frequência ou interrupção do comportamento controlado (caso ela seja realmente efetiva), porém, essa situação não garante que o indivíduo que sofre a punição vá desenvolver novos comportamentos mais efetivos para substituir o uso da droga.
Como já dissemos em textos anteriores, o uso de qualquer substância psicoativa cumpre diversas funções na vida do indivíduo. Assim, interromper o uso através da punição pode deixar um vazio, uma falta de alternativas para lidar com aquilo que a droga “ajudava” a lidar. Com isso, acaba sendo bastante provável que os comportamentos de uso da droga acabem voltando com o passar do tempo, sendo essas recaídas cada vez mais prováveis e rápidas.
Além do mais, já é comum na vida do sujeito dependente de substâncias psicoativas que o seu uso traga também diversas consequências aversivas a um médio e longo prazo. E, por não ter desenvolvido formas alternativas de lidar com esses problemas, pode acabar usando a droga com frequência e quantidades cada vez em maiores. Um controle coercitivo pode então ter um efeito contrário e criar um agravamento na quantidade de droga consumida.
Quando nos posicionamos de forma contrária as estratégias que centralizam seus esforços em controles coercitivos no tratamento dessas pessoas, não estamos de maneira alguma defendendo uma permissividade em relação ao uso. Apenas sinalizamos para maneiras mais efetivas de interromper o uso e tornar o processo de abstinência mais sólido e bem sucedido.
Para saber de algumas alternativas com o dependente de substâncias resistente a iniciar um tratamento sugerimos a leitura de um de nossos textos.
Ficaram dúvidas? Poste-as nos comentários!
Quer saber mais do nosso serviço? Clique aqui!