É certo afirmarmos que o dependente químico precisa chegar ao fundo do poço para se conscientizar que tem um problema e que precisa de ajuda? Afirmações dessa natureza estão difundidas em nosso meio social e frequentemente encontramos defensores dessas ideias. Porém, ao questionarmos o embasamento dessas alegações, percebemos que elas estão normalmente enraizadas na falta de conhecimento e em uma visão preconceituosa do assunto.
Autor: Vítor Soares
E aí? Topa o desafio de ficar 30 dias sem beber?
O intuito desse período de abstinência é que vocês percebam e entendam um pouco melhor a relação estabelecida com o álcool. A bebida está inserida em praticamente todos os contextos de nossa sociedade. Da "fossa" à festa, sempre teremos motivos que justifiquem o seu consumo.
O seu padrão de consumo de álcool é problemático?
Tente não responder essa questão de imediato como normalmente é o nosso padrão em situações que podemos nos sentir ameaçados ou confrontados. Vamos nos debruçar um pouco mais sobre esse tema?
O gênero em silêncio: o álcool e o “papel de homem”
Em nossa cultura o consumo de álcool funciona como um rito de passagem para a vida adulta e construção da identidade. Existe um incentivo social muito grande a partir da adolescência para que se inicie o consumo de álcool. E, desde esse primeiro momento, o incentivo não é para um consumo moderado. Entre os homens, é quase uma competição. E, em relação ao “tornar-se homem”, aquele que não bebe está falhando nesse teste.
“Nunca mais eu bebo”: entenda o que é a ressaca
Imagino que esse não seja o assunto que você mais gostaria de ler em uma quarta-feira de cinzas, logo após o carnaval. Mas, para algumas pessoas (quem sabe até mesmo você) esse pode ser o momento adequado para compreender o que são esses sintomas desagradáveis e o que realmente está relacionado com a sua ocorrência, além do beber, é claro!
Por que a sobriedade pode gerar crises nos relacionamentos?
Em um primeiro momento essa pergunta pode causar bastante estranheza, visto que, na perspectiva mais comum, o processo de abstinência tende a gerar também melhorias significativas nos relacionamentos daqueles que se esforçam para ficar “limpos”. E isso também é verdade. Porém, há relacionamentos específicos que podem sofrer duros impactos no período em que o usuário para de usar drogas.
Por que nos drogamos?
(...) por mais estranho que isso possa soar, praticamente todos nós nos drogamos em algum momento da vida e que provavelmente “repetiremos a dose”. Por fatores que podem ser bem variados relacionados a nossa história de aprendizagem, muitas vezes sentimos a necessidade de nos drogarmos.
A disciplina antecede a espontaneidade
(...) de certa maneira, a mudança dos sentimentos e dos pensamentos será secundária, como um efeito da mudança do padrão de resposta às diversas situações de risco. É como dizer que mesmo tendo medo, não fugiremos. Mesmo tendo raiva, não brigaremos e, mesmo tendo vontade, não usaremos (...)
A redução do desejo de usar drogas é consequência e não causa!
“Não é a falta do desejo de usar que produz a abstinência, mas sim a abstinência leva a diminuição do desejo de usar” (...) devemos buscar enfocar naquilo que está sob o nosso controle, nas atitudes que podemos tomar e nas mudanças que podemos implementar. O surgimento do desejo de usar uma droga não é possível de ser diretamente influenciado, mas é uma situação que podemos modificar dependendo da forma como conduzimos o processo de ficar sem ela.
Depressão e Álcool: uma breve visão analítico-comportamental
A relação entre depressão e consumo problemático de álcool se configura como uma via de mão dupla, na qual tanto o agravamento do quadro depressivo pode levar ao aumento do consumo da substância, como também o aumento do consumo pode levar ao agravamento do quadro depressivo. Esse cenário, uma espécie de espiral descendente, deixa claro como pode ser perigosa a associação desses dois elementos.