Há espaço para o amor na dependência química?

Amar é… … …

Quem se arrisca a definir o que é o amor? Qualquer definição deste sentimento corre o risco de ser abrangente demais a ponto de não dar contornos ou ser por demais específica a ponto de levantar dúvidas de sua existência.

Independentemente de sua definição, alcoolistas e dependentes químicos são capazes de amar. Não à toa são envolvidos em sentimentos de culpa recorrentes em razão de sentirem decepcionar e trair a confiança dos seus amados. Ressentem-se por causar preocupação, por deixar os outros tristes com eventuais mentiras e manipulações, e sentem medo de que os outros desistam deles. Não é fácil lidar com promessas repetidamente quebradas, olhares de decepção, outros de raiva… “Não acredito que você usou de novo”… “Não é possível que você pensou em esconder isso de mim”… “Não minta para mim”…

É verdade que a força exercida pelo álcool ou pela droga em muitas ocasiões confunde esse sentimento para o dependente. Muitas das vezes faz o dependente se questionar: “mas se eu amasse o tanto que acho que amo, será que eu já não teria parado? Talvez não ame tanto quanto achava…”.  Como explicar promessas repetidamente quebradas? “Agora vou mudar!”. “Se eu não parar ela(e) me deixa”. E ainda assim continuar fazendo as mesmas coisas…

Com frequência é mais fácil admitir-se frio e calculista, negando qualquer sentimento de amor pelos outros. Para não frustrar nem os outros e nem si mesmo, nega-se a existência do amor. para não instilar qualquer esperança de que o amor poderá reverter ou influenciar suas atitudes. Na cabeça do dependente, é melhor não criar expectativas, nem consigo e nem com os outros. Não se sabe quando tudo isso acabará ou se acabará algum dia. Admitir-se frio pode ser uma tentativa de explicar e racionalizar as atitudes que são quase que inevitavelmente repetidas quando se está com o autocontrole prejudicado pela compulsão do álcool ou da droga.

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É muito comum encontrarmos estas pessoas em consultório não sabendo nomear o que sentem sobre seus amados cônjuges, namorados, namoradas, mãe, pai, irmãos, parentes… A dependência confunde o amor, gera culpa e essa culpa é transmutada, disfarçada ou racionalizada.

É bem verdade que não se consegue escapar do resgate do amor ao longo do tratamento. No fundo, a saída parece ser sempre a recuperação do amor, no sentido mais genérico do termo. O amor próprio, o amor pela vida, o amor romântico, o amor fraternal, o amor parental, o amor pelo cotidiano, pelo trabalho, pelo lar e porque não por Deus, em todos os sentidos que essa palavra possa assumir seja para os religiosos ou espiritualistas.

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4 comentários sobre “Há espaço para o amor na dependência química?

  1. Meu namorado é dependente químico de cocaína, e agora me pediu um tempo para ver e analisar a vida com calma , é um comportamento normal , sendo que eu tbm passo por momentos difíceis, mas não com drogas o que eu faço?

    Curtido por 1 pessoa

    • Oi Jéssica! Sobre a questão de seu namorado lhe pedir um tempo, vários podem ser os motivos para esse afastamento. Para lhe responder se é normal e o que fazer, deveríamos analisar sua relação com seu parceiro e o seu comportamento com o comportamento dele de uso de substâncias. Ou seja, não podemos somente olhar a perspectiva do uso de substâncias dele, mas ter um olhar integrado de todas essas outras duas dimensões. No entanto, é provável que ele se sinta não dando conta de corresponder a suas expectativas e ficar livre de suas expectativas pode, à princípio, parecer ser uma saída, mas, na prática, pode ser um tiro no pé e piorar a questão droga. Neste caso, é importante avaliar como ele reage às expectativas dos outros sobre ele, se é alguém que se cobra muito, etc, além de observar quais são e como você apresenta suas expectativas. Relacionar-se é um desafio, relacionar-se com uma pessoa que tem um hábito destrutivo é um desafio maior ainda, e isso também pode gerar comportamentos indevidos nossos na tentativa de resolver e lidar com a situação. Procure um profissional que possa ouvir as particularidades de sua história e relacionamento para ajudá-la a encontrar uma saída para um momento delicado como esse. Estamos a disposição no que precisar. Um cordial abraço

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  2. Olá !! Boa Tarde
    Estou passando por algo semelhante. Estou num relacionamento perfeito com um adicto que esta limpo a mais de nove anos . Por incrível que pareça isso o atormenta muito e eu faço de tudo para deixá-lo tranquilo . Somos parceiros, amigos e temos confiança um no outro mas, de um tempo pra cá ele tem me falado em ficar só por um tempo. Me causa dúvidas pois temos liberdade para conversar , nunca discutimos e sempre apoiamos um ao outro.
    Eu sei que temos um sentimento muito forte e isso talvez cause medo nele , tenho deixado ele livre , mas ficamos com saudades e voltamos . Esou no meio desse turbilhão de emoções mas uma coisa é certa , jamais vou desistir dele , sou capaz de tudo para vê-lo feliz !!!

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