O uso de drogas é uma questão cheia de polêmicas e preconceitos, a qual dificilmente conseguimos discutir com imparcialidade. O problema de abordar a questão dessa forma é que não encontramos os reais determinantes relacionados a ocorrência desse complexo fenômeno cultural. Tentaremos elucidar nesse breve texto algumas das diversas questões que podem estar envolvidas com o comportamento de usar drogas.
Começaremos então definindo o que chamamos de droga. Caracterizamos droga como uma substância psicoativa, ou seja, uma substância que, quando introduzida no organismo, altera o seu funcionamento, tendo seu efeito majoritário no sistema nervoso central. Assim, englobamos nesta categoria desde substâncias já estigmatizadas como crack e heroína, passando também pelo álcool e chegando até mesmo no café e nas medicações psiquiátricas.
Naturalmente, não consideramos que todas essas drogas tenham efeitos ou prejuízos similares. Não estamos dizendo que tomar um café possa ser tão danoso como cheirar cocaína, por exemplo. Consideramos apenas que elas compartilham alguma similaridade na questão de causarem alterações no funcionamento do organismo de quem as consume.
Podemos pensar que usamos droga para exatamente obter tais efeitos consequentes da introdução dessas substâncias em nosso organismo. Assim, dizemos que tomamos um “cafezinho” pois isso nos deixa mais despertos, ou que tomamos uma cerveja para ficarmos mais relaxados, visto que essas substâncias têm tais efeitos na maioria dos organismos.
Com isso começamos a perceber que, por mais estranho que isso possa soar, praticamente todos nós nos drogamos em algum momento da vida e que provavelmente “repetiremos a dose”. Por fatores que podem ser bem variados relacionados a nossa história de aprendizagem, muitas vezes sentimos a necessidade de nos drogarmos. Por exemplo, se estou passando por um momento de muito estresse, posso querer um ansiolítico se eu tiver aprendido que ele me acalma. Se estou me sentindo deslocado em uma festa, posso querer beber alguma coisa. Se quero me divertir em uma festa, talvez queira usar cocaína.
É comum as pessoas se drogarem também para “lidar com problemas”, sejam eles agravados pela droga ou não. Bebemos para lidar com um casamento frustrado, mesmo que isso piore o relacionamento. Usamos cocaína para lidar com sentimentos depressivos, mesmo que a longo prazo esses sintomas piorem. Fumamos para lidar com estresse e irritação, etc.
Além disso, algumas drogas causam síndrome de abstinência depois de um uso intenso e prolongado. Nesta condição, muitas das vezes nos drogamos para aliviar os sintomas causados por este padrão de consumo. É o caso das pessoas que não mais conseguem dormir sem o Rivotril, ou de quem sente dor de cabeça ou sonolência sem o café, ou mesmo de quem fica muito irritado e trêmulo quando não pode beber.
Enfim, o uso de droga é um fenômeno antigo e cultural que não cabe ser analisado com julgamentos e preconceitos. Diversos fatores podem influenciar o nosso julgamento moral sobre as drogas, como a potencialidade de prejuízos e o quão comum ou não é ter essa droga em nosso contexto de vida. Cada sujeito é único e as razões que oportunizaram o início e a manutenção do uso são bastante particulares.
No entanto, a partir do momento que percebemos que todas essas substâncias psicoativas, legais ou ilegais, compartilham a característica comum de serem drogas, vemos a necessidade de um olhar mais direto e menos preconceituoso. Isso provavelmente resultará em uma perspectiva diferente em relação ao usuário. Menos preconceito pode implicar também em menor resistência e uma possível melhor compreensão. Quem sabe talvez essa seja uma forma para promover reintegração destes indivíduos à margem da nossa família e sociedade?
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Não existe discussão com imparcialidade……..a imparcialidade é um dos engôdos pós-modernistas………
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