Você com certeza já se deparou em algum momento com a plaquinha dizendo “é proibido fumar”. Se você não fuma, essa informação é irrelevante e você pode pensar na placa apenas como um objeto de decoração de gosto questionável.
Agora, se você é fumante, essa placa está lhe dizendo que aqui você não poderá acender seu cigarro e usufruir de um momento de “relaxamento” ou de satisfação do hábito. Esse aviso se encontra espalhado por todo canto desde a aprovação da lei nº 12.546/2011, a chamada lei antifumo, que proíbe o uso de cigarros em locais fechados e parcialmente fechados, assim como a abolição dos “fumódromos” ou áreas reservadas para fumantes.
O cigarro já foi liberado e até mesmo incentivado em aviões e ônibus de viagens. Hoje em dia essa ideia parece absurda até mesmo para quem faz uso de tabaco diariamente. As razões dessa proibição vão além do seu objetivo óbvio de proteger não fumantes do contato com as substâncias nocivas do cigarro. Ao restringir o uso de cigarros nesses lugares, cria-se uma espécie de cultura contrária ao uso, na qual o uso do cigarro se coloca em oposição ao usufruto de determinado espaço. Pode-se argumentar que essa imposição cria uma segregação, separando os fumantes à margem e punindo-os através da retirada de sua liberdade. Esse argumento é válido, entretanto, as intenções por trás da proibição têm um valor prático na redução do consumo de cigarros.
A restrição do uso a determinados lugares aumenta o “custo da resposta” para o comportamento de fumar, ou seja, torna o hábito simples de acender um cigarro e leva-lo a boca em um ato mais complexo que envolve parar o que se está fazendo e retirar-se para um lugar adequado. Um “custo de resposta” elevado está diretamente relacionado com a diminuição da emissão de um comportamento. Em outras palavras, ao se dificultar o uso, se facilita a diminuição e abstinência, principalmente nos casos em que a pessoa deseja isso.
A favor da abstinência pesa ainda o fato de que esses alertas espalhados e constantes servem para promover um segundo olhar sobre um hábito tão normalizado. Muito dinheiro foi investido ao longo de muitos anos para associar o cigarro a vivências positivas e elegantes. Os constantes alertas vêem de encontro a esses investimentos, e longe de ter a ilusão de que alguém irá interromper o uso só porque o mesmo está restrito a alguns lugares, essas medidas visam mudar parte do imaginário coletivo a respeito do cigarro. E se por acaso você duvida do poder desse imaginário, pergunte a alguém com mais de trinta anos se ele se lembra das propagandas de cigarros. Pergunte sobre o Cowboy da Marlboro se quiser ser mais preciso.
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