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Meu problema é outro

A correlação entre o abuso de substâncias e doenças psiquiátricas é conhecida por todos que de alguma forma se dedicam ao estudo do assunto. Todavia, para as pessoas de outras áreas, essa correlação pode ser desconhecida  ou mesmo despertar curiosidade sobre a existência de uma relação de causa e efeito. A pergunta que surge: “o que veio primeiro? Os problemas psiquiátricos e/ou emocionais ou o abuso de substâncias?”.

É possível pensar sobre múltiplas vias de causalidade como droga causa doença, doença causa droga, doença e droga são causadas por outro fator comum, doença e droga são causadas por fatores independentes, entre outras. Contudo, uma dessas relações, às vezes, é abusivamente explorada. A relação doença causa droga pode transfigurar em um uso dos problemas emocionais como forma de evitar encarar problema do vício.

Um dependente químico, muitas vezes, consegue apontar em sua vida o momento no qual seu uso de drogas se intensificou ou eclodiu como um problema. Esse mesmo dependente poderá ainda descrever a forma como problemas emocionais, depressão, ansiedade ou outros sintomas de ordem psicológica foram “responsáveis” pelo seu descontrole em relação à substância. Ao fazer isso, o sujeito reconhece a relação entre o uso da substância e sua saúde mental. Entretanto, a existência de um problema pregresso seja ele financeiro, afetivo ou mesmo de saúde, não deveria tornar a dependência um problema de menor gravidade no discurso desta pessoa.

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As drogas muitas vezes cumprem a função de aliviar o sujeito de alguma vivência ou sensação ruim e o uso se amplifica a medida que os problemas se acumulam. Não é necessário apontar aqui o óbvio, ou seja, o fato de que drogas não são solução para nenhum problema e muito menos remédio. Sintomas de ansiedade, depressão ou mesmo de insônia podem ser anestesiados pelo efeito das substâncias, mas dificilmente serão tratados ou se resolverão sozinhos. Outros problemas como dificuldade de relacionamentos, timidez ou baixa tolerância à frustração serão, na verdade, agravados quando as drogas ajudam a disfarçar sua existência.

Admitir que sofre por problemas emocionais ou psiquiátricos exige coragem e é difícil. Assumir um problema frente às drogas também. Entretanto, não é uma atitude boa minimizar uma doença grave como a dependência química frente a outras doenças psiquiátricas ou desordens emocionais. Uma depressão que venha sendo “tratada” com  uso de drogas pode ser acompanhada de um quadro de dependência que continuará lá após a depressão ter sido tratada. As doenças pré-existentes devem ser tratadas com cuidado e respeito, mas não podem ser uma esquiva usada para não falar sobre a dependência.

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