O processo de mudança no tratamento do usuário de substâncias

Quando pensamos em uma mudança de comportamento é comum ouvirmos que para mudar basta ter “força de vontade” e que quem não conseguiu a mudança desejada não quis realmente fazê-lo. Reforçamos assim a percepção de uma mudança que acontece de dentro para fora, de uma forma muito rápida e quase mágica. Nessa percepção, os erros que acontecem não são tolerados e são considerados sinais de fracasso.

Uma alternativa a essa forma de pensar a mudança é percebê-la como um processo gradual e contínuo. Envolve tomarmos como base aquilo que estamos fazendo e, a partir daí, avaliar os resultados obtidos, não apenas enfocando no resultado final desejado. A motivação para mudança é sim uma parte importante desse processo, mas não podemos considerar que ela por si só é capaz de sustentar toda a transformação. É possível até mesmo que essa motivação para a mudança possa vacilar em alguns momentos e, mesmo assim, ainda estarmos em um processo de mudança.

Notamos também que o erro faz parte do processo e não necessariamente implica o seu fracasso. Significa apenas que ainda estamos em transformação e que temos a oportunidade de aprender com essa situação.

espiral

Uma interessante analogia é comparar o processo de mudança com o desenho de uma espiral infinita. A partir dessa perspectiva, percebemos que a mudança não tem necessariamente um início e um final delimitados, ao contrário, é um processo contínuo e impossível de ser interrompido, estamos constantemente nos relacionando com o mundo e sofrendo a influência desse. Outro ponto fundamental é perceber como a transformação não é linear e imediata, que em alguns momentos estamos subindo e aprendendo novas formas de agir, mas que em diversos momentos vamos também descer e, dependendo da forma como lidamos com isso, podemos nos fortalecer ainda mais do que antes.

No caso da pessoa que está lidando com problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas a situação é a mesma. O seu processo de mudança e aprendizado requer trabalho, esforço e tempo. Não podemos esperar daquele que se propõe a interromper o uso de algum tipo de droga uma mudança imediata e absoluta, com garantias de nenhum revés ou retrocesso motivacional. É comum que em diversos momentos o sujeito tenha dificuldades e eventualmente tropece durante o seu processo.

Interromper o consumo de alguma droga é uma tarefa difícil e, portanto, requer um esforço importante do indivíduo. A sua motivação apresentará variações dependendo das circunstâncias às quais estiver exposto. Pensamentos sobre a droga, desejo de uso e fissura são outras situações que provavelmente acontecerão por muitas vezes.

Episódios de lapso e recaída são comuns e não necessariamente representam o fracasso do processo do sujeito. Apenas demonstram que ainda existem situações a serem trabalhadas e que o processo de mudança continua em andamento. Não dizemos com isso que se deva assumir uma atitude passiva e permissiva diante desses episódios, apenas consideramos que, devido à dificuldade, não podemos esperar um processo “perfeito” dos usuários.

mudança_borboleta

Tenhamos sempre em mente, então, que qualquer processo de mudança significativo nos exigirá tempo e esforço. Apresentaremos altos e baixos em diversos momentos. Podemos e devemos utilizar as dificuldades que aparecerem em nossos caminhos como oportunidades para continuar crescendo e nos fortalecendo.

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2 comentários sobre “O processo de mudança no tratamento do usuário de substâncias

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