Nossa sociedade está em constante mudança. Valores, práticas e saberes são alterados ou esquecidos com o passar dos anos. Alguns assuntos, por gerarem desconforto, ou por confrontarem valores ou práticas vigentes, acabam se tornando tabus. No atual momento, embora se discuta até mesmo a liberação de determinadas substâncias, falar sobre drogas no ambiente familiar ainda é um tabu.
O grande problema dos tabus é que, ao não se falar sobre eles, fica-se a mercê dos acontecimentos. Não se discute a questão do uso de drogas e quando um ente querido envolve-se com elas, só então, o assunto vem à tona e pega a todos desprevenidos. Ainda, corre-se o risco de que preconceitos envolvendo o assunto dificultem até mesmo a busca por ajuda deste familiar. Para tirar o status de tabu do uso de substâncias faz-se necessário falar a respeito e se informar, desmistificando o assunto e assim criando ferramentas para lidar com o fato.
Diariamente o assunto é abordado, seja em notícias de jornal sobre uma “guerra às drogas”, seja naquele convite amistoso para um “happy hour” após o trabalho. O uso de drogas é uma realidade que afeta mesmo quem não tem um problema relacionado a isso. Recusar-se a falar sobre isso com filhos, família ou amigos, é na verdade “tapar o sol com a peneira” e permitir que práticas nocivas sejam naturalizadas ou que cada um descubra por si o que fazer.
Como falar sobre drogas?
Conheça: Se estiver lendo isso, provavelmente, você tem acesso à internet e pode usá-la para se informar melhor. É claro que pode deparar-se com sites pouco confiáveis, mas se fizer uma pesquisa séria descobrirá coisas que poderão lhe ajudar a orientar alguém ou lhe darão um panorama melhor de como agem as drogas.
Sem censura: Esqueça a imagem do dependente químico na “crackolândia” ou do bêbado do bairro caindo pelas ruas. A dependência química atinge vários tipos de pessoas, sem diferenciar classe social ou gênero. Você não falar sobre, ou acreditar que é um assunto que não lhe cabe, somente diminui seu poder de ação. Ter vergonha de se informar ou de informar seus filhos reproduz a ideia de “assunto proibido” que em nada contribui para a prevenção.
Não seja supersticioso: A ideia de que falar sobre drogas vai aumentar a chance de seu filho fazer uso é bastante comum entre pais. No entanto, conversar sobre uma coisa não aumenta a probabilidade dela acontecer. Não falar sobre drogas com seu filho só terá como efeito o fato de que ele ouvirá sobre elas em outro ambiente menos controlado. Como foi dito antes, é um assunto que está presente em filmes, na fala dos amigos, ou mesmo num dia em família no qual, na volta pra casa se passa em frente uma blitz da “lei seca”.
Não faça terrorismo: Assustar alguém já é uma atitude, em si, ruim. Apresentar argumentos terríveis e pouco prováveis como consequência para o comportamento de usar drogas é ineficaz. Durante muito tempo, mesmo as grandes campanhas contra as drogas se resumiam a espalhar o medo e assim criar a ideia de que uma pessoa com medo vai ficar longe das drogas. O “terror” acaba sendo questionado e perde seu efeito, ao passo que boa informação e consciência permitem escolhas mais saudáveis.
Ouça com atenção: As dúvidas de seu filho são pertinentes. Embora possam colocá-lo em “saia justa” por causa de uma eventual falta de conhecimento sua, as dúvidas de seu filho continuarão a existir se você não as responder. É melhor que você forneça conhecimento de uma fonte confiável, mas para isso acontecer é preciso saber ouvir as dúvidas primeiro.
Seja exemplo: Um dos fatores de risco para uso de drogas é a permissividade e a presença da mesma em casa. Os exemplos têm muito mais força para moldar um comportamento do que as regras. Ou seja, falar sobre os perigos do vício enquanto se faz uso frequente de uma substância, ou mesmo quando se ignora uma dependência já existente é ineficaz. Quantos adultos já recriminaram um adolescente por pegar seu cigarro e os alertaram sobre os riscos de fumar, mas nem mesmo ponderaram sobre interromper seu próprio uso?
Falar sobre as drogas é também problematizar, repensar o papel das substâncias na nossa vida e em nossa sociedade.
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